Tuesday, December 21, 2010

Onde encontrar centenas de peças, ensaios, dicionários, cds e dvds de teatro. Tudo actual, surpreendente e a custo zero.

Imaginem que estão no Porto e têm uma tarde livre.

Imaginem que vocês são alunos, professores, profissionais, investigadores ou curiosos de teatro.

Imaginem que dão convosco a pensar "Onde poderia eu

ver fotografias das cenografias do Josef Svoboda?

ou

ler o catálogo do Museu de Teatro da exposição sobre o Mário Viegas?

ou

ver o que diz o Harold Bloom sobre a questão da homossexualidade no Mercador de Veneza?

ou

folhear a tese de Doutoramento da Francesca Rayner a estudar a transgressão sexual em 3 encenações de Shakespeare?

ou

também folhear a tese de Doutoramento do João Mendes Ribeiro sobre arquitectura e cenografia?

ou

saber o que é o Psycophysical Training de que fala o Phillip Zarrilli?

ou

ver em dvd Il Silenzio de Pippo Dell Bono?

ou

também ver em dvd Orpheus und Eurydike, dança-opera de Pina Baush?

ou

conhecer o dramaturgo polaco contemporaneo Rafal Maciag e a sua peça O Bufão, na tradução espanhola?

ou

ouvir as peças para rádio de Samuel Beckett?

e

acompanhá-las com a edição dos Complete Dramatic Works do mesmo?

e

descobrir a antiga edição da Arcádia do Teatro do ainda Samuel Beckett?"

Se pensassem algo disto, ou algo que envolvesse publicações de/e sobre teatro então só teriam que ir a um espaço que
- tem tudo isto (e muito mais)
- é de livre acesso (mas sem empréstimo domiciliário)
- onde se podem surpreender com o vosso próprio browsing ou acompanhados em conversa, como eu hoje. No Centro de Documentação do Teatro Nacional S.João.

(TNSJ que artistica e politicamente é-me questionável mas também cem vezes admirável pela criação deste centro que pode, com tanta informação de qualidade, revolucionar o teatro da cidade)

p.s. a abundância é tanta e tão boa no Centro que na 1ª vez disse repetidamente para mim "Este livro não tenho" até ter dito, à 2ª vez, "Deixo de comprar livros, vou ler ao Centro"

Saturday, December 18, 2010

"Sem papas na espinha" de Vítor Silva e Margarida Ferndandes - Contagiarte sábado 18 dezembro, 22.30h


(foto Pedro Varela flickr rucativava)


Descaramento, improvisação, ópera e peixeirada.
entrada 5 carapaus

Inde ver!

Thursday, December 16, 2010

Castings - favores e desfavores - um caso

Há um anúncio de casting para o Teatro A.: mandar cv e fotos. Precisam de homens e mulheres. Mando eu e manda X, actriz.

Dias depois X recebe um telefonema, fica gravada na mensagem a voz de R.C. da produção da peça: os seus elementos foram recebidos, a data do casting foi marcada.

Digo a X "Eu conheço essa voz e esse nome, pois conheço R.C. desde a nossa adolescência em Braga e sabia que trabalhava na produção executiva do Teatro A.".

Acescento aqui que as nossas relações nunca foram lá grande coisa. Não esperava nenhum favor. Mas também nenhum desfavor.

Os dias passam, não recebo nenhum telefonema. Penso desde então, reescrevendo a minha própria recordação, que nunca terão tido necessidade de homens, daí não me ligarem.

Os actores são perfis. De corpos, de caras, de cv por vezes.
E quando soube que G. actor como eu, com mesma formação que eu, com a mesma cor de cabelo, estatura e compleição semelhante e menor experiência profissional, havia sido chamado, percebi que coisa era um desfavor.

R.C. havia interferido, inquestionavelmente.

X foi à audição dos papeis femininos.

X ficou à espera da audição, no Teatro A. 6 horas, desde a hora marcada até de madrugada (aparentemente a hora marcada era marcada para todas as actrizes): perguntaram-lhe se vivia sozinha, com quem vivia, se se importava de despir em cena, e para fazer de rato e frigorífico.

Não sei R.C. pretendeu poupar-me a isto mas a verdade é que nunca tive oportunidade de descobrir.

"Sou mãe de uma actriz profissional de dez anos"

Diz-me a senhora, ao lado da sua outra filha, estudante de Direito e nenhuma das duas parece incomodada.

- Isso não é possível, digo eu, porque não se pode ser profissional de coisa nenhuma aos dez anos.

A conversa continua. A senhora continua, diz que a criança é actriz do La Féria.

Eu sabia que esta conversa visava impressionar-me, mas não sabia que tanto e desta maneira.

Continua ela, que os ensaios eram algo exigentes "pois saíam de lá muito tarde, e o encenador parecia esquecer-se de estar a lidar com crianças (?) mas que na altura do espectáculo era mais leve pois entrava às 21h para sair às 24h".

Mas se é uma criança de dez anos com horário de adulto, penso.

Diz-me ainda a senhora que "de facto, alguém tem que passar o recibo por ela, e que se a comissão de protecção de menores soubesse...", a filha mais velha, ao seu lado, estudante de Direito, continua a não parecer incomodada. Percebi que a esta não interessava o Direito e que a aquela interessava que a comissão de protecção de menores não soubesse que a mãe ia pôr a filha a render, num trabalho de que "a miúda gosta".

Ninguém lhe disse que além de ilegal era imoral.

 

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