Diário do Jogo é uma rubrica do percurso e acontecimento do Jogo observado na vida de todos os dias. Refere-se sempre ao dia que passou.
Manhã
- jogger, no frio, nos Jardins, de calções, t-shirt, chapéu e vertical como um fio de prumo, lá corria com passo regular
Tarde
- meninas de primária, no recreio da escola, a jogarem ao pisa ou calca
- dois miúdos, ainda crianças, de mochilas, à bulha de brincadeira, agarrados um ao outro, numa carruagem do metro
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Tuesday, January 22, 2008
Diário do Jogo 2
Sunday, January 20, 2008
Diário do Jogo 1
Diário do Jogo é uma rubrica do percurso e acontecimento do Jogo observado na vida de todos os dias. Refere-se sempre ao dia que passou.
Manhã
- uma rapariga assusta uma amiga, aparecendo-lhe pela frente em salto, numas escondidas improvisadas
- dois miúdos, um deles mais graúdo que outro em pelo menos uns bons quatro anos, fazem lançamentos de basquete num cesto municipal num jardim igualmente municipal, enquanto outros três estão sentados e vêem
Tarde
- jogger no jardins, equipado: calções, t-shirt, chapéu e ar habitual
- uma longa fila de pescadores e canas junto ao rio, uns solitários e outros em conversa, pela tarde fora
- bicicletas para lá e para cá, uns com e outros sem sofisticações de óculos escuros, capacetes ou licras; uns em velocidade e outros com vagar; uns aos pares e a conversar e outros sós
- casal de terceira idade a caminhar com passo regular e roupa e chapéus improvisados de práticos e quentes, sem mais que carregar.
Friday, January 18, 2008
Ter jeito
Ora vejamos se nos compreendemos, ter jeito - coisa estranhamente aplicada com regularidade ao teatro, ou ao actor - é coisa vaga e quase mística. Difícil de comprovar, pois difícil de avaliar por ser conceito que escapa aos conceitos (talvez até mesmo de propósito).
Ter jeito será ter habilidade, ter propensão, ter todas as capacidades necessárias ao exercício de...?
Será ter uma vocação, estar vocacionado?
Será ter um dom, ou ser dotado?
Apesar de todas as nossas pretensões ciêntificas à volta do teatro, não está nos nossos horizontes desenvolver o teste-para-certificar-que-você-nasceu-para-isto. Mas interessa-nos pensar no seguinte:
Grandes actores já fizeram burradas com maus encenadores.
Pessoas vulgares fazem improvisações extraordinárias no meio dos seus amigos.
Tudo circunstâncias.
Alguns destes (actores ou pessoas vulgares) tinham à partida uma habilidade ou facilidade especial para a coisa? Sem dúvida.
Isso distingui-las-á de outras numa sala de aula, num teatro? É evidente.
Desde que estejam numa boa circunstância.
É evidente que cansados, tristes ou desanimados ninguém parecerá ter ou jeito ou dom ou facilidade.
É evidente que felizes, valorizados ou ajudados os bons parecerão melhores e os médios parecerão esplêndidos.
É evidente que a facilidade inexplicável que temos em fazer esta ou aquela coisa ou tarefa (da cozinha ao hoquei, passando pelo teatro ou a escrita) não nos salva sempre, dá-nos apenas um pequeno avanço. Em relação a outros, ou em relação à nossa própria dificuldade, preguiça ou desorientação.
Ter jeito (de um modo que pelo menos privilegia o que há em nós de humano e voluntário, e não de divino e incontrolável) será então como fazer surf, aproveitando a onda de circunstância com o pequeno avanço que sem querer temos à partida.
