Tuesday, May 25, 2010

Os meus alunos: meus professores

Devo aos meus alunos o estar a descobrir o teatro. Devo isso, e não é só aos meus alunos de agora, mas aos alunos que tenho tido.

Devo aos meus alunos a necessária capacidade de desmontar o que penso saber para poder estimular os outros;

devo aos meus alunos a capacidade de aprender com o que acontece e o que decorre do que dou;

devo aos meus alunos eles estarem a tornar-se mais e mais responsáveis pela minha aula;

devo aos meus alunos ver coisas fantásticas de que sou responsável no primeiro empurrão e de que depois sou espantado espectador;

devo aos meus alunos o perceber que o teatro, se funcionar como um jogo - livre, incerto, num espaço e tempo delimitado (segundo Roger Caillois)- pode ser tudo o que antes procurávamos desenvolver com exercícios;

devo aos meus alunos o compreender que a melhor maneira de trabalhar o teatro é fazendo teatro;

devo aos meus alunos o compreender e encarar de frente que alguma coisa resulta mal quando a proposta é má ou seca;

devo aos meus alunos o ir coligindo informações sobre o que resulta e como resulta de geração de alunos para geração de alunos;

devo aos meus alunos a frustração e também não saber o que dizer quando me perguntam coisas, pontos a partir dos quais cresço sempre;

devo aos meus alunos o tentar ser concreto, e claro, e justo, e rigoroso, e coerente, e eu próprio, na sala de aula;

devo aos meus alunos todos os choques que tive com imprevistos (maus) e todas as surpresas (boas) que tive a sorte de não deixar de reparar como preciosa mina de conhecimento que eram;

devo aos meus alunos o converter a minha experiência em conhecimento, e o saber que se pode converter a experiência deles em conhecimento;

devo aos meus alunos o prazer de estar numa aula, a que fui inteligente o suficiente para escutar, de modo a guiar-me;

devo aos meus alunos, novamente, o aprender a entregar-lhes a aula e deixar, como com crianças que jogam, que a façam e a levem e a conduzam e me mostrem para onde são os seus temas, as suas necessidades, os seus sonhos.

Devo aos meus alunos a grata oportunidade de ser útil.

Friday, May 21, 2010

O que chegar atrasado (a um ensaio, aula, trabalho) diz de ti

Nestes dias tenho tocado em várias circunstâncias neste assunto. Há quem ache que um princípio (moral) pode ser contornado. Eu não acho. Um compromisso é um compromisso. Para mim, nesta área colectiva que é o teatro, ter princípios é ser digno de confiança. Não os ter ou tê-los elásticos é dar razão a séculos de preconceitos que viram os actores como gente marginal.

Trago um muito acertado post de Mark Westbrook a este propósito:

What being late says about you…
Lateness is offensive. It is offensive to the craft of acting, it is an insult to your teacher or director and your fellow performers and colleagues.

But what does lateness say about you?

1) That you don’t feel that you need to respect basic professional courtesy

2) That you care so little about your class, job or role that you can’t turn up on time for it. This being true, give up now.

3) That insulting your teacher/director/classmates/fellow performers is okay with you.

4) That the rules apply to everyone BUT you.

5) That you expect others to indulge you.

6) That following basic professional courtesy doesn’t count if you didn’t mean to transgress. As if all things are made good by an apology.

Just to clear this up, you are late if you are not ready to work on time. Your reasons are not important or relevant. If you were here but in the toilet, you are late, go to the toilet on your own time.

Your lateness is says a lot about you.

Cultivate the habit of being early. That says a lot about you too!

Wednesday, May 5, 2010

Biomecânica "americana" vs. Biomecânica de Meyerhold

Aqui temos dois brilhantes exemplos de como se pode ou não se pode fazer uma técnica:

Mel Gordon (interessante a partir de 1min50s)


Guennadi Bogdanov



é só comparar e lembrar que Guennadi Bogdanov aprendeu de Nikolai Kustov que por sua vez foi actor/colaborador de Meyerhold e que Mel Gordon não aprendeu de ninguém.

Mas... Mel Gordon escreveu um livro, é americano e professor em Berkley e isso pesa mais que a sua biomecânica ser uma palhaçada.

Tuesday, May 4, 2010

O paradigma da macacada

Hoje eu deveria ter dado uma aula de quatro horas. Mas porque há um cortejo dos estudantes as aulas foram canceladas. Ou seja, para que haja uma manifestação simbólica da situação de estudante, a escola - que é onde se é estudante - fecha. Não deixa de ser curioso.
Só não sei que carro alegórico vai repôr a aula que não dei.

 

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