A abstenção nesta eleição recente andou pelos 50%, ou seja houve metade de eleitores que não votaram. Metade de adultos, inscritos que podem votar e não foram.
Estiveram ausentes. Talvez não lhes interessasse, talvez nem concordassem com algo ou com tudo, talvez não quisessem ir votar ou nem pudessem naquele mesmo momento. Pouco provável que não soubessem.
O mesmo acontece com outras iniciativas, menos políticas mas igualmente públicas: o departamente de Teatro e Cinema da ESAP tem promovido conferências de Teatro e Cinema, à razão de uma por semana.
Dado que há cursos de Teatro e Cinema, isto justifica-se não só para dentro como para fora da escola.
Apesar dos docentes ou dos seus convidados que vão falar de assuntos interessantes e pouco expostos como a presença do cinema em António Lobo Antunes, a relação da marioneta com a figura dos deuses, até a história da própria ESAP, a música no teatro ou o meu próprio tema, o que se verifica é uma redundante desilusão.
Ninguém aparece. Nem alunos, nem professores, nem a sociedade civil (salvo entusiasmadas e irregulares excepções e regulares apenas 2 professores, uma aluna e uma cidadã interessada, contas precisas). O balanço é: ninguém quer saber. Um inacreditável e persistente desinteresse.
Postas as coisas na mesa não é estranha a abstenção na recente eleição. Não só não há réstea de consciência política e de que votar é um acto político, como não o há sobre ir e apoiar conferências (gratuitas, informadas, uma pedrada no charco). Não há nem consciência, nem cultura, nem nada.
Está toda a gente ausente. É um país em forma de absentismo.
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Friday, January 28, 2011
Abstenção, absentismo e conferências de teatro e cinema
Friday, January 7, 2011
Aulas de graça e saídas à francesa
Recentemente comecei uma formação numa instituição da cidade do Porto: requeria-se que se inscrevessem as pessoas, que houvesse um mínimo de x alunos. Fez-se.
Na 1ª aula
y pessoas apesar de inscritas nunca apareceram
z pessoas fizeram a aula e sem pagar a mensalidade consideraram-na "à experiência" para depois dizerem que não tinham tempo, afinal de contas.
Já eu pensava que isto era um atropelo a roçar a estupidez quando alguns alunos deixam de aparecer, como quem frequenta um ginásio cujas máquinas e jacuzzi continuarão funcionando mesmo que se não diga nada.
O primeiro caso é o das velhas no supermercado a experimentarem as uvas antes de as comprar, o segundo é uma saída à francesa. A dos cobardes*.
*Já frequentei clubes, ginásios, escolas e todo o tipo de actividades: não só nunca fui fazer aulas grátis que o não fossem, também não me esqueci de pagar ou de avisar que não haveria de continuar e muito menos aleguei ser tão mau em contas que não pudesse prever o tempo que me tomaria a actividade. Ao menos que se diga não poder fazer as aulas por causa de febre tifóide ou de se ser raptado por alienígenas.
