Trabalho e brincadeira parecem opôr-se.
Quando dizemos a alguém que está na altura de trabalhar, isso costuma significar entrar num outro período, distinto da brincadeira, um tempo em que se será sério e se procederá com gravidade (e não com a ligeireza da brincadeira) ao que há que fazer.
- Deixem-se de brincadeiras! Toca a trabalhar!
Ora bem, a oposição que existe entre trabalho e brincadeira parece ser a mesma que existe entre esforço e prazer. O trabalho é coisa séria, exige esforço, é construtivo e útil. Deixemos o prazer para os períodos de descanso, de brincadeira, onde já não seremos sérios mas ligeiros e já nada terá que ser útil ou construtivo.
O lúdico realmente assenta no facto de não ser útil, ou antes, de não ter nenhuma utilidade além do prazer que dá, o que elimina as utilidades (ou utilizações) sociais, psicológicas, e etc...
No entanto, paradoxalmente, conseguimos exercer, executar ou pôr em marcha grande quantidade de esforço ou esforços (motores, mentais, etc.) quando está presente o lúdico.
Não serão os dois afinal oponíveis, mas complementares:
- Quantas vezes não dançámos até de madrugada, numa discoteca, esquecendo por completo a fadiga e o facto de que estávamos em actividade psico-motora durante horas seguidas?
- Quantas vezes não conversámos durante uma noite, numa festa, e não cansámos nem a voz, nem o fôlego, nem a vontade de falar, esquecendo-nos o muito que estávamos a exigir do nosso aparelho fonador?
- Quantas vezes não jogámos à bola até escurecer, esquecendo por completo - além da fadiga e do fôlego - a coordenação motora que dizíamos não ter, em outras ocasiões?
- Quantas vezes não brincámos às lutas, rebolando por cima de coisas, de ervas e paralelos da rua, esquecendo por completo a nossa aparente falta de habilidade acrobática?
- Quantas vezes, portanto, à conta de brincadeira, não ultrapassámos nós os nossos limites de capacidades e, inclusivamente, o próprio esforço trabalhando (no nosso caso, as ferramentas que carregamos connosco) intensa e eficientemente?
- Quantas vezes não fomos atrás de interesses nossos, de curiosidades, e demos por nós num complexo processo de pesquisa em que nunca desconfiariamos estar? (A leitura sôfrega de extensos manuais de jogos por parte de crianças é disto tudo um belíssimo exemplo.)
E porque é que tudo isto acontece? A resposta parece ser apenas uma:
Porque nos estávamos a divertir.
Prazer.
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Monday, February 11, 2008
O esforço e o prazer
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Ditulis Oleh : Unknown // 3:01 AM
Kategori:
lúdico e esforço
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