Monday, March 24, 2008

Quando se quebram as regras do jogo

Num campo de futebol, no meio de uma repreensão, um jogador aproxima-se do árbitro e esmurra-o. A regra do jogo foi quebrada e instala-se o caos.

A regra do jogo não é apenas uma regra qualquer, é a trave mestra que impede que tudo caia, é o dique que impede o dilúvio; é o que impede a barbárie.

Não somos bárbaros porque existem regras que respeitamos. São as regras do jogo. Vão desde o mais simples (jogar futebol é com os pés e com as mãos já não vale) até ao mais complexo (o árbitro tem poder decisório inquestionável dentro do campo). Quebrando a regra quebra-se o jogo, a convenção. Uma quase convenção de Genebra.

O grande problema de quebrar regras é que isso funciona (como obedecê-las) para os dois lados: o árbitro esmurrado deixará de ter que obedecer à regra que o impede de esmurrar jogadores.

O mesmo acontece numa sala de aula que serve para um propósito apenas e tem as suas funções e hierarquias bem definidas. Um professor sabe mais que um aluno, um professor tem mais poder que um aluno, um professor manda mais que um aluno: um professor ensina e um aluno aprende. Ponto final. E é assim porque é assim, tão simples e inquestionável como qualquer outra regra, de qualquer jogo. É isto que define este jogo, este relacionamento.

E, como em qualquer jogo, ao entrar numa sala de aula (como num campo de jogo, como abrindo um tabuleiro, como servindo cartas) estamos a afirmar constantemente que aceitamos jogar segundo estas regras.

Um aluno que agride um professor (física, verbal, psicologicamente) é um jogador que se expulsou a si mesmo. É um infeliz que abre a caixa de Pandora e permite que sobre si venham os males da barbárie e se lhe faça tudo o que "não vale" fazer. É um ingénuo que desconhece que do outro lado as mesmas regras que quebrou mantém na civilidade o que é turbulento por dentro.

As regras são leis. Funcionamos segundo leis, inscritas ou não no código de direito civil e criminal. Funcionamos todos segundo as mesmas leis porque isso faz de nós iguais. Os nossos lugares no jogo é que são diferentes consoante uma série de skills que vamos adquirindo; mas jogamos segundo as mesmas regras, nos postos, nas posições, nos papeis, nas funções que vamos conquistando.

Um guarda-redes defende a baliza e pode pegar na bola com as mãos, um árbitro regula o jogo mas não pode interferir nele. Não podem trocar de lugares em campo. Podem isso sim fazer formação e treinar para jogar na função do outro, algum tempo depois, ou no Carnaval que é quando as regras são invertidas, a brincar, para todos também.

Nota: Por exemplo Não matarás não vem com condicional. É uma proibição e ponto. É uma regra. É a regra.

Ditulis Oleh : Unknown // 12:02 PM
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