Agora em tempo dos Jogos Olímpicos falemos de futebol, e de futebol em Portugal.
Um desporto que goza de um carácter excepcional, tão excepcional que em dia de abertura de Jogos Olímpicos o que abriu os noticiários foi a contratação de um jogador qualquer, seguido da não-contratação de outro qualquer, com conferências de imprensa a condizer, depois e só depois, muito depois é que veio um breve relato da cerimónia de abertura da única circunstância mundial em que milhares de atletas, de quase duas centenas de países competem em simultâneo em dezenas de desportos: os Jogos Olímpicos.
Notícias regionais superam notícias universais. É esse o carácter singular do futebol. Não é uma paixão, é uma telenovela.
Note-se: Portugal tão apaixonado, tão rei que é o futebol, tão bons que somos, e o Figo e o Ronaldo e o outro que também o é e até vai jogar para o Manchester ou o Real Madrid ou o que seja, que nem temos - no maior evento mundial do desporto - uma representação de futebol português.
Portanto aqui fica em terra o desporto mais apoiado de todos, o desporto que não é um desporto, é uma mania, um desporto que há muito se rege mais pelas leis do mercado, do marketing, da publicidade e da bolsa de valores que pelas leis do desporto; um desporto sem rei nem roque, tudo em roda livre, sem peias, sem controlo, sem sequer respeito pelo que faz um jogo ser um jogo: regras.
Temos então um jogo que não é um desporto, é uma montra de valores, onde se fala - sem vergonha, atente-se - de ganhar faltas, de ter sido injusto o resultado, de ter sido prejudicado ou outrém favorecido, de sorte, de merecer ganhar. Tudo isto como se não fosse
a) determinante quem marca mais golos, e só isso
b) um acordo tácito de quem joga aceitar as circunstâncias em que joga, aceitando arbitragens assim ou assado
c) um completo disparate vir a terreiro acusar árbitros ou falta de sorte, para justificar o que qualquer atleta sério sabe aceitar como derrota
Moral: num país em que se fala tanto de "competividade", e mais "competividade" e ainda mais "competividade" - como é dito à saciedade, e mais uma vez sem vergonha, por responsáveis políticos - se este é o desporto nacional; se a telenovela da microfractura de um tendão de um futebolista tem honras de Noticiário; se a venda, aluguer, ou troca de um jogador idem; se os mexericos sobre clubes idem aspas; se os futebolistas jogam com publicidade na frente e verso dos uniformes; se há ordenados de milhões e o Obikwelu treina em Espanha porque lá têm melhores condições, então
A competitividade nunca terá chegado às costas portuguesas, ou se chegou parou à porta dos estádios e deu meia volta para trás.
Olhem, deve ter ido para Espanha, porque lá há melhores condições.
É só ver a equipa espanhola de Basquetebol nos Jogos.
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Wednesday, August 13, 2008
Do carácter singular do futebol
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Ditulis Oleh : Unknown // 5:59 AM
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Jogos olímpicos
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