Thursday, January 7, 2010

Da displicência

Acabei de não receber trabalhos de alunos.

Isto significa que na próxima aula terão de fazer o que obviamente não fizeram até aqui e agora, no máximo do seu prazo.

Significa também que, numa cadeira prática como a minha, se perderá tempo a responder/estudar/pensar ao que tinha encomendado, como trabalho.

Significa que, a ser justo, deveria trabalhar com as míseras duas ou três pessoas que cumpriram com o que pedi e mandar os outros às reais urtigas, por óbvia displicência.

E se isto significasse que por cada displicência, atraso, incúria, desleixo eu respondesse com igual?

E se os alunos displicentes tivessem o professor que merecem? E se eu me marimbasse para os trabalhos que pedi e para o facto de que isso me faz falta para as aulas seguintes de modo a saber, especificamente para cada um, o que fazer?

E se eu próprio chegasse dez minutos, vinte ou hora e meia atrasado a minha própria aula?

E se falasse ao meu telemóvel a meio de um jogo, exercício ou apresentação?

E se eu avaliasse uns e não outros, conforme o tamanho da minha paciência num dia qualquer até dizer "olhem tou um bocadinho cansado, vou parar por aqui, tá bem?".

E se eu próprio saísse mais cedo da minha aula "se não se importarem, continuem sem mim, é que tenho que me pisgar"?

E se eu não levasse material e pedisse que alguém me fosse buscar um filme, um livro, me desse ideias para exercícios, jogos, noções ou direcções e dissesse "sabem, não tive lá muito tempo pa preparar a aula"?

E se eu ficasse a olhar para a janela, a comer e a coçar comichões ou pêlos encravados quando falassem comigo?

E se eu me esquecesse do que andava a fazer e encolhesse os ombros e dissesse "é só uma aula, relaxa aí"?

E se eu fosse o professor que se merece?

Ditulis Oleh : Unknown // 4:11 PM
Kategori:

0 comments:

Post a Comment

 

Blogger news

Blogroll

About