Convenhamos numa coisa: qualquer acto (em) público é um acto teatral.
O que eu faço na rua, no café, numa cantina, no campus de uma universidade é lido, visto, recebido como se fosse um meu discurso. Intencional ou não.
Eu andar aos pinotes e aos gritinhos é visto como gritinhos e pinotes.
Muita gente no teatro - principalmente principiantes - descobre que afinal de contas pode dar gritinhos e pinotes, e fá-lo a torto e a direito, em especial quando vê outro igual.
Resultado: o mais claro acto teatral de se afirmar ao resto da sociedade que em teatro não só se dão muitos gritinhos e pinotes, como que reina histeria entre nós.
Porque não pode ser senão uma patologia este excesso de caretas e risos, súbito surgidos e súbito desaparecidos, como se houvesse um medo de não fazer nada. Uma espécie de overacting na vida real.
Irrita-me, irrita-me e dá-me uma medida muito crua da pessoa que o faz.
Alimenta-se assim a fama de os actores serem desregulados nevróticos, quando o actor não é este adolescente que descobre que afinal existe uma coisa chamada expressão e, que, por isso, tem que estar a dispará-la a toda a hora.
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Saturday, March 13, 2010
Da histeria no teatro
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