Jogo é combinação de partes, é inversão de lugares e papeis, é projecção, é elaboração e concretização de cenários possíveis, é o desenvolvimento de probabilidades, é o reino do “E se…?”, é o mundo por excelência das estratégias, dos pequenos sonhos e grandes batalhas por pontos (o que pode haver de mais invisível e impalpável que pontos…?).
Jogo é pôr peças em lugares diferentes, é não apenas ver o mundo por outro óculo (com o tal E se…?) mas também agir nele de outro modo. Jogo é dotarmos nós o mundo de regras nossas, é inventarmos ou pormos em prática regras que nada têm a ver com as herdadas e usadas, com as do mundo lá fora; jogo é brincar, é brincar a moldarmos o nosso estar no mundo, a usarmos as coisas de modo diferente, a fazermos coisas de modo diferente; jogo é atribuirmos necessidades e regras a momentos e acções que têm outras necessidades e regras, é recombinação, é o domínio do arbitrário tomado por nós como lei, ou do que nós, em jogo, arbitrariamente definimos como lei e poderia ser outra coisa e só tem graça porque de facto não é lei e alterna com a verdadeira lei.
É urgentemente necessário inventar uma Constituição própria, um Código Civil absolutamente individual, absolutamente absurdo e ao gosto de cada, é necessário cada um de nós criar um Código de Direito Civil e Penal para que tenha e sinta e exerça sobre si e as suas acções uma jurisdição de juízes. Bem à maneira das festas dos loucos da Idade Média (em que o mundo era posto, por momentos, ao contrário) é necessário tornarmo-nos juízes ao contrário, para que isso nos ajude a viver neste mundo, para que consigamos viver e ver de outro modo o tal mundo lá de fora em que as leis e regras são obrigação.
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Monday, October 8, 2007
A recriação do mundo ou a necessidade do jogo
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