Sunday, October 14, 2007

E para onde foi o jogo simbólico?

Em crianças, aí pelos dois anos, começamos a brincar simbolicamente, ou seja, começamos a desenhar, a pintar, a fazer de conta; a coisa continua por algum tempo e desenvolve-se, assim como se desenvolve o pensamento simbólico que lhe está na origem, o príncípio do pensamento abstractizante; da pulsão espontânea vem a vontade de perfeição - isso vê-se nos desenhos que procuram proporções semelhantes à realidade, assim como na verosimilhança e composição nos jogos dramáticos.

E depois, e depois desses cinco, seis anos? que se passa com esse jogo espontâneo simbólico? Para onde irá? Para onde irá essa emergência? Será que se irradica, que cumpre a sua função e desaparece? Será que se sublima em outros jogos mais subtis?

O certo é que se perde (e é natural que assim seja) o carácter de espontâneo, de impensado, de pulsão, para procurar espaços onde possa acontecer, onde se possa timidamente rebentar; onde o indívíduo, já não mais uma criança, procura ele próprio uma aberta para que aconteça pintar e cantar e fazer de conta (mais tarde chamado de "representar" ou "fazer teatro").

Parece que durante a dolescência se passam anos de limbo onde isso já não é mais espontâneo, nem se sente que é algo que apeteça fazer, por escolha. É exactamente por escolha, mais tarde, que se inscreve em aulas, worshops, clubes, escolas e lá se faz, de modo mais organizado, aquilo a que se chamou (no caso do jogo dramático) expressão dramática. Que afinal será um jogo dramático organizado para aqueles já não o fazem espontaneamente, porque já não crianças: brinca-se com objectos, com roupas, com gestos, com a voz, com o outro, com disfarces, e com muitas sensações que se procura despertar, como quando essa exploração dos sentidos era ditado por algo incontrolável e inconsciente, na infância.

Ditulis Oleh : Unknown // 2:43 AM
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