Este livro diz-nos respeito porque fala do jardim de infância, porque fala da especificidade do crescimento durante a infância e a especificidade da sua educação; porque fala da necessária amplitude de funções do educador de infância; porque fala de um projecto educativo em particular que anda à volta do jogo dramático espontâneo.
Este é um case study sobre uma educadora de infância de um jardim de infãncia português algures entre o final dos anos oitenta e princípio dos anos noventa do séc XX. Põe em evidência as teorias que essa educadora reivindica como suas referências, em contraste com as suas práticas no dia-a-dia do trabalho (com análises críticas de umas e outras da autora, à luz de outras práticas, pedagogias e teorias). É um livro alicerçado à volta da distância entre teoria e prática e da necessidade de criar-se uma teoria apoiada na prática, e na prática de hoje (da educação de infância).
Conclui-se que as práticas (o tal habitus da educadora) diferem das teorias em que se radica e que mesmo estas importaria rever, dado que o cruzamento de teorias é apontado como o mais adequado à realidade complexa da criança em desenvolvimento, assim como é sugerido tentar perceber por que teorias trabalha cada um, na realidade, no seu dia-a-dia.
Nas práticas descritas deste jardim de infância o jogo dramático espontâneo é apresentado como o jogo por excelência no projecto educativo da educadora (e a aprendizagem pelo jogo é aqui bem acentuada): existem cenários, barcos, redes, pontes, e mais objectos e espaços copiados da realidade circundante, tudo feito ou adaptado pelas crianças, em função do projecto pedagógico da educadora; existe tempo e espaço, tudo lhes está facilitado para que aconteça o jogo.
Quanto a isto a autora, Marília Mendonça, aponta algumas questões importantes:
- qual deverá ser a intervenção da educadora?
- dever-se-á interromper o próprio jogo espontâneo para dar início a actividades planificadas?
- será realmente necessária ou mesmo benéfica a vinda de especialistas (como o de ginástica, ou, acescentamos nós, de teatro...) que vêm fazer actividades com as crianças?
Estas questões motivam-nos outras sobre o jogo dramático no jardim de infância:
- como pode ser estimulado enquanto espontâneo e como pode ser tornado parte, não de uma ocupação, mas do projecto educativo?
- como munir os educadores de ferramentas que os ajudem a estimular e intervir, e orientar esse jogo dramático, de modo a dispensar elementos exteriores (os chamados especialistas - em teatro, neste caso)?
- como e quando dar o salto entre o jogo dramático enquanto expressão dramática, que se baseia nos seus actores, e o teatro com a sua preocupação de espectáculo, centrado no espectador e no que se vê?
MENDONÇA, Marília: A Educadora de Infância - Traço de união entre a teoria e a prática Colecção Horizontes da Didática, Edições Asa, Porto 1994
95 págs.
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Monday, October 15, 2007
Livros: "A Educadora de Infância - Traço de união entre a teoria e a prática" de Marília Mendonça
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